O jejum é uma das principais ferramentas para a comunhão com Deus. Mas o que significa jejum espiritual? Simplificando, é a abstenção de alimento para finalidades espirituais. O objetivo é conduzir uma pessoa à plena lucidez espiritual e facilitar a profunda comunhão com Deus, pois o organismo não utilizará energia para a digestão, de modo que o cérebro terá mais energia para refletir nas coisas espirituais. Como prática religiosa, é voluntário, exige pureza de vida e exclui a exibição, e durante todo essa semana estaremos trazendo uma verdadeiro manual sobre o jejum, nesta segunda feira falaremos sobre "O próposito do Jejum"
O PROPÓSITO DO JEJUM
Gosto de uma afirmação de Kenneth Hagin acerca do jejum: “O jejum não muda a Deus. Ele é o mesmo antes, durante e depois de seu jejum. Mas, jejuar mudará você. Vai lhe ajudar a manter-se mais suscetível ao Espírito de Deus”. O jejum não tornará Deus mais bondoso ou misericordioso para conosco, ele está ligado diretamente a nós, à nossa necessidade de romper com as barreiras e limitações da carne. O jejum deixará nosso espírito atento pois mortifica a carne e aflige nossa alma. Jesus deixou-nos um ensino precioso acerca disto quando falava sobre o jejum:
“Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.” (Mc 2.22).
O odre era um recipiente feito com pele de animais, que era devidamente preparada mas, com o passar do tempo envelhecia e ressecava. O vinho, era o suco extraído da uva que fermentava naturalmente dentro do odre. Portanto, quando se fazia o vinho novo, era sábio colocá-lo num recipiente de pele (o odre) que não arrebentasse na hora em que o vinho começasse a fermentar, e o melhor recipiente era o odre novo.
Com essa ilustração Jesus estava ensinado-nos que o vinho novo que Ele traria (o Espírito Santo) deveria ser colocado em odres novos, e o odre (ou recipiente do vinho) é nosso corpo. A Bíblia está dizendo com isto que o jejum tem o poder de “renovar” nosso corpo. A Escritura ensina que a carne milita contra o espírito, e a melhor maneira de receber o vinho, o Espírito, é dentro de um processo de mortificação da carne.
Creio que o propósito primário do jejum é mortificar a carne, o que nos fará mais suscetíveis ao Espírito Santo. Há outros benefícios que decorrerão disto, mas esta é a essência do jejum.
Alguns acham que o jejum é uma “varinha de condão” que resolve as coisas por si mesmo, mas não podemos ter o enfoque errado. Quando jejuamos, não devemos crer NO JEJUM, e sim em Deus. A resposta às orações flui melhor quando jejuamos porque através desta prática estamos liberando nosso espírito na disputada batalha contra a carne, e por isso algumas coisas acontecem.
Por exemplo, a fé é do espírito e não da carne; portanto, ao jejuar estamos removendo o entulho da carne e liberando nossa fé para se expressar. Quando Jesus disse aos discípulos que não puderam expulsar um demônio por falta de jejum (Mt 17.21), ele não limitou o problema somente a isto mas falou sobre a falta de fé (Mt 17.19,20) como um fator decisivo no fracasso daquela tentativa de libertação.
O jejum ajuda a liberar a fé! O que nos dá vitória sobre o inimigo é o que Cristo fez na cruz e a autoridade de seu nome. O jejum em si não me faz vencer, mas libera a fé para o combate e nos fortalece, fazendo-nos mais conscientes da autoridade que nos foi delegada.
Mas apesar do propósito central do jejum ser a mortificação da carne, vemos vários exemplos bíblicos de outros motivos para tal prática:
a) No Velho Testamento encontramos diferentes propósitos para o jejum:
- Consagração – O voto do nazireado envolvia a abstinência/jejum de determinados tipos de alimentos (Nm 6.3,4);
- Arrependimento de pecados – Samuel e o povo jejuando em Mispa, como sinal de arrependimento de seus pecados (1 Sm 7.6, Ne 9.11);
- Luto – Davi jejua em expressão de dor pela morte de Saul e Jônatas, e depois pela morte de Abner. (2 Sm 1.12 e 3.35);
- Aflições – Davi jejua em favor da criança que nascera de Bate-Seba, que estava doente, à morte (2 Sm 12.16-23); Josafá apregoou um jejum em todo Judá quando estava sob o risco de ser vencido pelos moabitas e amonitas (2 Cr 20.3);
- Buscando Proteção – Esdras proclamou jejum junto ao rio Ava, pedindo a proteção e benção de Deus sobre sua viagem (Ed 8.21-23); Ester pede que seu povo jejue por ela, para proteção no seu encontro com o rei (Et 4.16);
- Em situações de enfermidade – Davi jejuava e orava por outros que estavam enfermos (Sl 35.13);
- Intercessão – Daniel orando por Jerusalém e seu povo (Dn 9.3, 10.2,3)
b) Nos Evangelhos
- Preparação para a Batalha Espiritual – Jesus mencionou que determinadas castas só sairão por meio de oração e jejum, que trazem um maior revestimento de autoridade (Mt 17.21);
- Estar com o Senhor – Ana não saía do templo, orando e jejuando freqüentemente (Lc 2.37);
- Preparar-se para o Ministério – Jesus só começou seu ministério depois de ter sido cheio do Espírito Santo e se preparado em jejum (prolongado) no deserto (Lc 4.1,2);
c) Em Atos dos Apóstolos vemos a Igreja praticando o jejum em diversas situações, tais como:
- Ministrar ao Senhor – Os líderes da igreja em Antioquia jejuando apenas para adorar ao Senhor (At 13.2);
- Enviar ministérios – Na hora de impor as mãos e enviar ministérios comissionados (At.13:3);
- Estabelecer presbíteros – Além de impor as mãos com jejum sobre os enviados, o faziam também sobre os que recebiam autoridade de governo na igreja local, o que revela que o jejum era um princípio praticado nas ordenações de ministros (At 14.23).
d) Nas Epístolas só encontramos menções de Paulo de ter jejuado (2 Co 6.3-5; 11.23-27).
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