Deus, em seu
infinito amor pelos homens, não somente criou o mundo com suas maravilhas em
favor deles, mas prometeu-lhes um Redentor após o pecado original, pecado este
que gerou uma série de desordens no homem e na criação. E com fidelidade Deus
cumpriu suas promessas de uma forma admirável: fazendo-se homem conosco em
tudo, exceto no pecado. Assumiu ele a nossa humanidade decaída a fim de
redimi-la.
Deus quis, então, dar-lhe uma mãe que estivesse à sua altura, concebida sem
mancha alguma de pecado, com as virtudes necessárias à tão sublime missão: ser
a Mãe do Salvador. Então, a Mãe de Deus em nada foi tocada pelo pecado (Epístola
ad Paulam, 9).
Deus, então,
revestiu de majestade Maria Virgem e Mãe de Deus, chamada de Estrela da manhã,
Porta do céu, Rosa mística, Torre de marfim, Casa de ouro, dentre vários outros
nomes com que ela é intitulada. Mas, mesmo com todas essas virtudes que Deus
gratuitamente lhe concedeu, Maria não perde de forma alguma a sua humanidade,
com liberdade de fazer a vontade de Deus, livremente optando pelo bem. Soube
tão bem se alegrar, amar, sofrer, silenciar, ser serva, esperar as promessas de
Deus se cumprirem e acima de tudo ser mulher. Ela nunca se exaltou por tão
grandes virtudes, mas na sua humildade se deixou exaltar por Deus.
Todos nós nascemos
com misérias, inclinados ao pecado – à soberba, à luxúria, à ira… –; Maria,
pelo contrário, foi concebida com toda a perfeição com que Deus a tinha pensado
desde a eternidade: inclinada ao bem, a tudo o que é puro, a tudo o que é bom e
nobre, e sobretudo à infinita bondade de Deus. Ela é pura desde o primeiro
instante, como é puro o ouro sem misturas (Olhar para Maria, Quadrante, p. 12).
Quando disse SIM a
Deus, no tão esperado dia em que o Arcanjo S. Gabriel lhe apareceu, deu-se a
partir do seu FAÇA-SE (FIAT VOLUNTAS TUA) um novo tempo para toda a humanidade
e para a criação, que até então haviam sido corrompidas pelo pecado.
Maria, a nova Eva, Mãe de Deus, Mãe
de Jesus, na simplicidade soube educá-lo e ajudá-lo a melhor cumprir a vontade
de Deus. Sua fidelidade perdurou até o fim de sua missão nesta terra, ao ponto
de mesmo sabendo que o Seu Filho seria crucificado, esteve ela presente no
Calvário até o último suspiro de Jesus e após sua morte.
Lá na cruz Jesus, além de nos dar sua vida por amor, em seu extremo amor nos dá
tudo, até mesmo sua Mãe Ele entrega a cada um de nós: Eis aí a tua Mãe, diz-nos
Jesus no alto do madeiro. Para São João, o Apóstolo jovem, que estava ali, ao
pé da cruz, essas palavras não devem ter sido uma revelação, mas somente uma
confirmação do mistério.
Para nós, representados
por João naquele paradoxo de dor, são uma apresentação e um Dom. Jesus
apresenta-nos a sua Mãe e diz-nos: Eis a tua Mãe: aí a tens; olha-a,
contempla-a, purifica nos seus olhos o teu olhar. Não vês que é a maravilha da
criação? Não viste o sol, as estrelas, os anjos? Poucas coisas são ao lado da
tua Mãe, Rainha dos Anjos e do Universo: mais do que ela só Deus. Não deixes de
olhá-la (Olhar para Maria, Quadrante, p. 19 e 20).
Maria
é para o cristão um meio eficaz de se chegar mais facilmente a Deus e a nossa
meta final: o céu. Para isso é preciso que em nossa vida possamos crescer nesta
intimidade, porque Jesus nos deu Sua Mãe para que pudéssemos usufruir e crescer
neste relacionamento materno.
Em suas aparições
em Fátima ela pediu que diariamente rezássemos o terço pela conversão dos
pecadores. Contemplar os mistérios do Santo Rosário é contemplar a vida do
próprio Cristo, que em sua vida passou por momentos de gozo, dores e alegrias.
Nossa Senhora nada mais quer que amemos o Seu Filho Jesus e ninguém melhor do
que ela para nos conduzir a ele. Ela é caminho certo e fácil de se chegar ao
céu, sendo também conhecida como Maria Porta do Céu.
A contemplação da
sua vida de amor a Deus e de docilidade à Sua voz é exemplo a se seguir por
cada cristão, é tudo aquilo que Deus deseja de nós: a Santidade que é fazer Sua
vontade, que é ser feliz. Se em nossa vida ainda não tivemos esta experiência
filial com Nossa Senhora é porque ainda não fomos ousados o suficiente em
chamá-la de Mãe. Este é o seu papel, esta é a sua missão: Ser nossa Mãe e nos
conduzir a Jesus.
São diversas as
formas de crescermos nesta intimidade: através da Santa Missa. Por meio da
Missa nos unimos ao Sacrifício de Cristo no Calvário e podemos fazer como a
Virgem Maria: consentir, oferecer-nos com Ele, oferecer toda a nossa vida – os
nossos pensamentos, afetos, ações, amores – identificando-nos com os mesmos
sentimentos de Cristo ( cf. Fil 2,5).
O fundador do Opus
Dei afirma o quanto é importante a Santa Missa como crescimento na intimidade
com Maria: A primeira devoção mariana é a Santa Missa. Todos os dias, quando
Cristo desce às mãos do sacerdote, é renovada a Sua presença real entre nós,
com Seu Corpo, com Seu Sangue, com a Sua Alma e com a Sua Divindade: o mesmo
Corpo e o mesmo Sangue que Ele tomou das entranhas de Sua Mãe Maria. No Sacrifício
do Altar, a participação de Nossa Senhora é fiel, ela sempre está presente
participando conosco de tão grande Mistério da Salvação.
Também quando recitamos os mistérios
do Santo Rosário, na Adoração ao Santíssimo Sacramento e Ladainhas progredimos
nesta intimidade mariana. Mas acima de tudo, este relacionamento filial requer
a percepção de que Maria como uma pessoa.
Na nossa vida tenhamos sempre conosco esta presença terna, doce, casta, obediente, pura…de Maria, desejosa de nos acolher em seu manto, em seu colo materno de amor por cada um de nós.
Na nossa vida tenhamos sempre conosco esta presença terna, doce, casta, obediente, pura…de Maria, desejosa de nos acolher em seu manto, em seu colo materno de amor por cada um de nós.
Aconselho-te – para terminar – que
faças, se ainda não fizeste, a tua experiência particular do amor materno de
Maria. Não basta saber que ela é Mãe, considerá-la assim, falar assim dela. É a
tua Mãe e tu és seu filho. Ama-te como se fosse o seu único filho neste mundo.
Trata-a em consequência: conta-lhe tudo o que te acontece, honra-a, quere-a.
Ninguém o fará por ti, tão bem como tu, se tu não o fizeres (Amigos de Deus, n. 293).
Pesquisa: Iasmim Fonseca
Fonte: Canção Nova
Revisão: Danilo Nery
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