Por que existem narrações da vida de Jesus que não são aceitas como verdadeiras? Quem decidiu que os evangelhos “oficiais” seriam só quatro? Como distinguir os evangelhos verdadeiros dos falsos?
Os evangelhos apócrifos são textos religiosos sobre a vida de Jesus escritos sobretudo a partir da segunda metade do século II. Os primeiros cristãos já os haviam considerado não confiáveis do ponto de vista histórico ou, pelo menos, como não inspirados por Deus. Ainda que muitas vezes possuíssem conteúdos heréticos, tiveram influência na piedade popular e em muitas obras artísticas.
Os evangelhos apócrifos são todos aqueles textos religiosos centrados em Jesus que foram descartados pelos cristãos dos primeiros séculos e que não se encontram no elenco dos livros da Bíblia considerados pela Igreja como autênticos e inspirados.
A palavra “apócrifo” vem do grego e significa “oculto” ou “escondido”. No começo, o termo foi utilizado para designar os escritos que revelavam “verdades” de cunho esotérico a “iniciados”. No entanto, esta palavra é utilizada hoje para qualificar em geral os escritos sobre a vida de Jesus que não foram aceitos pela Igreja como inspirados por Deus nem como norma de fé – ao contrário dos evangelhos atribuídos a Mateus, Marcos, Lucas e João – e que foram compostos na segunda metade do século I.
Os evangelhos que conhecemos são chamados de “canônicos” (termo inspirado na vara ou “cana” utilizada para medir os limites) e traçam o perímetro dos textos sagrados que entraram no “cânon” da Bíblia católica, ou seja, o elenco oficial dos 73 livros (46 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento), fruto de um processo de discernimento iniciado dento da Igreja no século II e que prosseguiu até o século IV, ainda que o selo definitivo tenha chegado com o Concílio de Trento, em 1546.
Os evangelhos apócrifos têm alguma semelhança com os quatro evangelhos canônicos, pois apresentam palavras e fatos ligados à vida de Jesus, ou narrações mais amplas sobre personagens já presentes nos canônicos. Começaram a circular no âmbito judaico e cristão a partir da metade do século II, como reflexo de tradições e temas populares, mas não eram lidos nas celebrações litúrgicas das primeiras comunidades cristãs nem gozaram de grande prestígio, como testemunha a escassez de manuscritos existentes que nos dão notícia deles.
Não foram aceitos porque eram considerados pouco confiáveis, já que foram compostos em uma época em que já haviam desaparecido não somente os Apóstolos e todas as testemunhas oculares dos acontecimentos ligados à vida e morte de Jesus, mas também os discípulos diretos dos Apóstolos e os membros das suas primeiras comunidades.
Estes escritos se dividem basicamente em quatro grupos: os mencionados pelos antigos escritores cristãos (pelos quais conhecemos algo do seu conteúdo), os fragmentos de papiro encontrados recentemente, os escritos que contêm detalhes sobre a infância de Jesus e os de cunho gnóstico, um movimento herético do começo do cristianismo.
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