Numa construção qualquer o pedreiro pega cada bloco e o coloca onde e na posição que lhe agrada. Já na construção da Igreja de pedras vivas, o Pedreiro divino sopra em cada pessoa humana qualidades de acordo com seu plano e a sua vontade e supõe que quem as recebe irá desenvolvê-las e colocá-las a serviço de seus irmãos.
Aqui em Aracaju, ali do outro lado da Av. Canal, perto da igreja do Espírito Santo, há uma venda de material de construção. Por conta disso, circulam carroças puxadas por animais. Às vezes vejo burros ou cavalos obedecendo cegamente ao carroceiro. O carroceiro manobra o animal para a direita,para a esquerda, para frente, às vezes para trás, e o animal obedece. Conosco Deus não age assim. Deixa-nos liberdade. Está em nossas mãos dar à nossa vida a direção que se chama Jesus Cristo. Ele é o caminho(João 14,6). Somos responsáveis pelos nossos atos. A liberdade está em nossas mãos. D’aí depende o crescimento da Igreja.
No passado recente aqui no Brasil tivemos pessoas exemplares neste sentido, verdadeiros mestres. Refiro-me a Dom Hélder Câmara, Dom Luciano Mendes Almeida, Dom Aloísio Lorscheider, por exemplo. Dentro do modelo de simplicidade, compromisso com os pobres, com a justiça como Jesus Cristo foram o máximo. Merecem ser canonizados.
A influência de Dom Hélder Câmara na Igreja no Brasil e no mundo foi imensa. Cito apenas a criação da CNBB. Durante o Concílio Vaticano II ele fez a cabeça de muitos bispos para votarem de acordo com o melhor para a Igreja. Chamado em todas as direções do globo terrestre, Dom Hélder fez palestras para muitas pessoas. Ele nem tinha condição de atender a todos os pedidos de viagem para conferências. Não chegou a receber o Prêmio Nobel da Paz, apesar de quatro vezes ter sido lembrado. O governo da ditadura militar aqui no Brasil mexeu nos pauzinhos para que isso não acontecesse. Dom Hélder continuou firme na defesa dos mais pobres, dos injustiçados e a favor dos direitos humanos e contra as torturas. O coração dele era aberto para todos.
Para concluir, eu queria lembrar as pessoas mais simples e humildes pelo mundo afora, fiéis a Jesus Cristo. Tive a alegria de conhecer aqui e acolá um bom número de pessoas assim. Lembro-me de D. Elisa em João Pessoa. Membro da Ordem Franciscana Secular, mãe de família exemplar, vivia os problemas do seu bairro, como eu acompanhei em 1982. Vivia como sal da terra e luz do mundo (Mateus 5,13-14). Faleceu aos quase 100 anos de vida dedicada aos irmãos.
No anonimato, é incontável o número de pessoas que estão sendo sal e luz no meio da humanidade tão desorientada. Aqui em Aracaju não esqueço o Cap. Juvenal. Sempre de bom-humor e no silêncio, mas muito dedicado aos doentes e enfermos como ministro da eucaristia e no bairro, onde com sua esposa, era o líder. Tenho inveja do céu que ele já está gozando. Oxalá seja miopia minha, mas no momento presente não estou vendo pessoas de vulto na Igreja como estas do passado recente, como lembrei. Claro que estou entusiasmado com o exemplo do Papa Francisco. Superou o Santo João XXIII, aquele que convocou o Concílio Vaticano II. Ele está tentando renovar a Igreja a partir de Roma. Tomara que avance o mais possível neste sentido.
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