Em um mundo cada vez mais ativo, é comum opor a oração à ação, como se nota na pergunta que dá nome a este texto, e a desvirtuar o significado e o sentido da contemplação. Mas estas atividades não são contrapostas, e sim absolutamente complementares. Mais ainda, pois uma depende da outra: a primeira é a oração, depois vem a ação, como resultado da oração.
Da união com Deus, consequência da verdadeira oração, brota a força sobrenatural que torna a ação apostólica eficaz. Ao faltar esta dimensão espiritual, o apostolado pode se tornar mero ativismo, sem sentido sobrenatural, ou simples filantropia, sem alcance redentor.
O caminho da oração leva necessariamente à ação, e esta ação será mais fecunda quanto mais intensa for a vida de oração.
Quanto mais oração, mais ação

É por isso que São João Paulo II, em seu pontificado, nos ensinou que, “para conhecer Cristo no pobre, é preciso encontra-lo e conhece-lo primeiramente na oração”.
E também disse: “A capacidade de contemplação se torna capacidade de influência evangelizadora; a capacidade de silêncio se transforma em capacidade de escuta e doação aos irmãos. Lembrem-se de que a atividade – inclusive a mais santa e benéfica em favor do próximo – nunca dispensa da oração”.
Ele nos convida a equilibrar ação e oração, Marta e Maria (referindo-se a Lucas 10, 39): “estar sentados aos pés do Mestre é, sem dúvida, o início de toda atividade autenticamente apostólica” (cf. JPII, 04/10/1986).
“A missão continua sendo sempre, primariamente, obra de Deus, obra do Espírito Santo, que é seu indiscutível protagonista, recordando-nos que, ainda que sejam muito necessários os esforços humanos, o êxito não depende de nós, pois a missão é obra de Deus.”
Também Ratzinger, quando era encarregado de preservar a fé na Igreja Católica, ao falar sobre a nova evangelização, nos disse: “Todos os métodos estarão vazios se não tiverem a oração em sua base. A palavra do anúncio sempre deve conter uma vida de oração”. E nos recordou: “Jesus pregava durante o dia e rezava durante a noite”.
O exemplo da Madre Teresa de Calcutá
“Somos contemplativas, pois ‘rezamos’ o nosso trabalho… Rezamos quatro horas por dia”, contou ela, na última entrevista que deu à imprensa antes de passar à vida eterna. “Quanto mais recebemos na oração de silêncio, mais podemos dar em nossa vida ativa. Precisamos do silêncio para poder chegar às almas.”
“Na oração vocal, nós falamos a Deus. Na oração do silêncio, é Ele quem fala a nós. No silêncio, é-nos dado o privilégio de ouvir sua voz”. Frases como estas explicam qual é o fundamento de ser contemplativos.
Esta união com Cristo, que mantém viva a graça de Deus em nós, é indispensável para realizar qualquer atividade apostólica, na medida em que deixamos que Deus seja quem trabalhe em nós e através de nós.
Assim, quanto mais recebemos na oração de silêncio, mais poderemos dar em nossa vida ativa. Nisso consiste o “rezar o trabalho” da Madre Teresa de Calcutá: não somos nós agindo: é Deus agindo através de nós.
Conclusão: vemos então como, longe de serem questões contrapostas, a ação, para ser fecunda, requer do silêncio da oração.
Foi assim com os santos. A Madre Teresa também viveu isso e nos ensinou. Da mesma maneira, João Paulo II, quem dizia: “Também hoje a oração deve ser cada vez mais o meio primário e fundamental da ação missionária na Igreja”, porque “a autêntica oração, longe de centrar o homem em si mesmo ou a Igreja nela mesma, os prepara para a missão, para o verdadeiro apostolado”.
Por pildorasdefe.net via Aleteia
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